O ideal é ingerir nem que seja uma fruta nos intervalos das refeições principais.
Os nutricionistas garantem: passar fome não emagrece ninguém, pelo menos não a longo prazo. Isso porque, quando o organismo fica muito tempo sem comida, começa a reter gordura, como um mecanismo de defesa. Para ficar com o corpo em forma, sem prejudicar a saúde, o certo é comer de três em três horas, dividindo as calorias que se pode consumir em frações.
Entre as refeições principais - café da manhã, almoço e jantar -, o ideal é vigiar o relógio para ingerir nem que seja uma fruta ou um pedaço de queijo nos intervalos.
"O órgão que comanda tudo é o cérebro, e este não consegue usar a energia de algo que foi ingerido há mais de três horas", explica a nutricionista Denise Madi Carreiro, autora de "Alimentação, Problema e Solução para Doenças Crônicas".
Quando as refeições ficam muito espaçadas, o cérebro começa a alterar funções e libera cortisol, o chamado hormônio do estresse. Aumenta, assim, a resistência à insulina e uma das conseqüências é a retenção de gordura como um mecanismo de sobrevivência.
Outro resultado do jejum prolongado é que o organismo começa a consumir proteínas, essenciais para equilibrar os sistemas mental e emocional. Segundo a nutricionista, esta e outras alterações do metabolismo podem causar problemas como ansiedade, insônia, gases, intestino preso, episódios repetidos de candidíase (doença ginecológica provocada por fungo) e queda do sistema imunológico. As alterações hormonais podem incluir até a interrupção da menstruação.
Nas "dietas de fome", a pessoa emagrece no começo porque perde líquido ou as proteínas, mas não gordura. "Se ficar sem comer resolvesse, a obesidade não seria o principal problema de saúde pública do mundo", afirma Denise.
"Para perder gordura, é preciso comer." O contrário também é verdadeiro: aqueles que procuram seu consultório porque querem engordar conseguem atingir a meta quando se reeducam, comendo porções fracionadas de três em três horas. A diferença é que, para os que querem ficar magros, o cardápio tem obviamente menos calorias, e para quem quer engordar, é supercalórico. Mas sempre fracionado, em cinco ou seis refeições diárias.
Alimentação fracionada
A nutricionista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Luciana de Carvalho, faz coro. "Quanto mais fracionada for a alimentação, mais o organismo trabalha. Quanto mais se fica em jejum, menos ele trabalha e faz uma reserva para se garantir", resume.
"Fracionamos as refeições para aumentar o metabolismo." Mais: quando a pessoa fica sem comer por muito tempo, a tendência é "atacar" a refeição, geralmente à noite, quando já não é preciso absorver tanta energia porque o destino costuma ser a cama.
Isso não quer dizer que se deva ingerir porções imensas: nos intervalos entre as refeições principais, recomenda-se comer uma fruta, iogurte ou um pedaço de queijo - um único alimento de qualidade já serve para estimular o metabolismo.
Perda de peso
A médica Jacqueline Ulbricht, de 36 anos, era obesa e fez a cirurgia de redução do estômago há dois anos e meio. Desde então, começou a se consultar com a nutricionista Denise e aderiu às porções fracionadas. Se antes fazia três refeições por dia, agora come a cada três horas.
"Minha vida mudou, me curei da artrite reumatóide depois que mudei a alimentação", conta. "Eu emagreci 50 quilos em dois anos e meio e não foi por causa da cirurgia. Conheço pessoas que também fizeram a mesma operação e ganharam todo o peso de volta. Mantenho meu peso há um ano e meio." Apenas recentemente ela voltou a engordar, mas por um bom motivo: está grávida.
Jacqueline atribui também ao novo esquema de alimentação uma melhoria na sua qualidade de vida. "Durmo melhor, acordo descansada. Antes tinha uma insônia horrível e sempre tomava remédios. Isso acabou." Problemas com intestino preso e candidíase também ficaram para trás. "Agora me sinto mais calma, tenho mais paciência."
O administrador de empresas Munir Adib Kfouri, de 69 anos, também se beneficiou da dieta fracionada. Foi por uma questão de saúde que começou a se consultar com a nutricionista Luciana: os medicamentos que tomou para um problema de fígado lhe trouxeram efeitos colaterais indesejáveis. Além disso, Munir tinha o desejo de emagrecer, embora não acreditasse que isso fosse possível. "Todo mundo dizia que eu tinha que ir para a academia, e eu não queria."
Pensando em seu problema de saúde, começou a seguir religiosamente a dieta prescrita. "Antes tinha uma alimentação indisciplinada. Tomava só uma xícara de café de manhã, às vezes nem almoçava e, à noite, descontava tudo no jantar. Comia muito e abria a geladeira de madrugada", lembra. O novo menu inclui um café da manhã mais substancioso, uma fruta no intervalo até o almoço, outra no intervalo da tarde, e um jantar mais leve. No cardápio, não há mais frituras, gorduras nem massas.
Os exames de fígado passaram a dar resultados melhores e ele percebeu uma maior disposição física. "Aprendi a dosar os alimentos e percebi que não havia necessidade de comer tanto." Emagreceu dez quilos e já mantém o peso há um ano. "Hoje tenho mais consciência do que estou comendo. Estou bem de saúde e ter emagrecido aumentou minha auto-estima."
Fonte:Universo Da Mulher